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terça-feira, 24 de maio de 2011

MOREIRA e CALEFFE. Metodologia de pesquisa para o professor pesquisador. Rio de Janeiro, 2008. Cap. VII.

Em técnicas como a entrevista e com instrumentos de coletas de dados como o questionário, o pesquisador confia em um auto-relato. Uma desvantagem é que as pessoas podem não ser tão sinceras. Uma técnica alternativa é a observação dos comportamentos: sistemática ou participante.
  
  1. Observação sistemática: o pesquisador não se envolve com os participantes do estudo
1.1.    Objetivo: observar os comportamentos do(s) participante(s);
1.2.    Apropriada para estágios de aperfeiçoamento e verificação do processo de pesquisa e introduzida após utilização de estratégias mais interativas;
1.3.    Relatos abrangentes, detalhados e representativos dos comportamentos;
1.4.    Duas fases: participativa, desenvolver relações, extrair variáveis e produzir protocolos; não-participativa, registrar os detalhes;
1.5.    Observação sistemática completa: uso de câmeras de vídeos escondidas
1.5.1.  A interação social com os participantes pode distrair e levar o pesquisador a distorções e omissões no registro dos dados;
1.5.2.  Vantagens: não registrar in loco e observar maior número de pessoas em menos tempo;
1.5.3.  Desvantagens: técnica cara, exige competência de iluminação e posicionamento, os sujeitos não se comportam normalmente.
1.6.    Considerações para observação
1.6.1.  Comportamentos observados: definir as medidas observacionais de desempenho para posterior delimitação do âmbito das observações;
1.6.2.  Sujeitos: determinar a população e descrever esses participantes;
1.6.3.  Lugar: delimitar se o cenário de observação será artificial, trazendo o sujeito para o laboratório com vantagem em termos de distração e influência do observador; ou natural; devendo ainda estabelecer se a observação será individual ou em grupo;
1.6.4.  Quantidade: quanto mais observações, maior a confiabilidade do estudo. Levará em conta tempo disponível, tipo de atividade, número de unidades contidas no estudo e número de observadores (adequado ao número sujeitos observados);
1.6.5.  Início: horário, dia da semana, período letivo, entre outros;
1.6.6.  Desenvolvimento: uso de microcomputadores e métodos computacionais.
a)    Alguns procedimentos: narrativa ou registro contínuo, registro de uma série de sentenças assim que acontecem; contagem frequente, registro de um comportamento determinado sempre que ocorre; método do intervalo, registro de um comportamento ocorrido em certo intervalo de tempo; método da duração, quando se cronometra o que será observado.
1.7.    Limitações da técnica da observação sistemática
1.7.1.  As ações podem ser tão restritas que não representem os comportamentos críticos;
1.7.2.  Exige muita prática e dificuldades quando se precisa observar muitas coisas ao mesmo tempo;
1.7.3.  Confiabilidade da avaliação;
1.7.4.  A interferência pela presença do observador deve tentar ser reduzida.

  2. Observação participante: técnica que permite o observador entrar no mundo social dos participantes
2.1.    Objetivo: descobrir como é ser um membro do grupo observado, passando dos relatos par explanações;
2.2.    Técnica adaptada para atender as exigências de pesquisadores com várias visões em relação à natureza da realidade social;
2.3.     A seleção dos participantes ou dos cenários é crucial para posterior análise dos dados;
2.4.    Podem ser: pesquisadores revelados, parcialmente revelados ou não-revelados (ver pág. 216)
2.5.     Desenvolvimento do protocolo de observação para registro das observações descritivas e reflexivas;
2.6.     Vantagens da observação
2.6.1. Obter imagem válida da realidade social, fazendo com que o pesquisador não imponha sua realidade ao que busca entender;
2.6.2. Dificuldade para mentir e enganar, já que há o testemunho do pesquisador que participa das ações;
2.6.3.  Proporciona estudos mais aprofundados, em particular gerando novas hipóteses.
2.7.     Desvantagens da observação: consome muito tempo pela necessidade de se estar presente; pode estudar grupos muito pequenos e mudanças para o local pelo pesquisador.
2.7.1.  Objeções teóricas: amostras pequenas e não-atípicas que impossibilitam as generalizações; dependente da observação de um indivíduo e específicas de um lugar e tempo; validade afetada pela presença do pesquisador.
2.8.    Estratégias gerais de amostragem
2.8.1. Erickson (1986) sugere uma sequência genérica de afunilamento da amostra, trabalhando de fora para o centro do cenário;
2.8.2. Selecionar informantes antes da coleta de dados: a) amostra abrangente; b) seleção por quota; c) seleção de caso recomendado; d) seleção de caso comparável;
2.8.3. Amostra dentro dos casos: variação em termos de definição, programa e cultura; sustentabilidade teórica; qualidade iterativa em ondas progressivas.
2.8.4. Amostra de múltiplos casos: adicionam confiança aos resultados. A partir de uma série de casos similares ou contrastantes, é possível entender os resultados de um caso simples.

  3.       O trabalho de campo
3.1.     Etapas: selecionar local e obter permissões; identificar o que ou quem, quando e por quanto tempo observar; determinar o papel do pesquisador; planejar um protocolo de observação; registrar os aspectos e apresentação do pesquisador, discreto e observador.
3.2.     As anotações em protocolos fechados ou questões pré-codificadas correspondem a primeira fase da análise dos dados, momento em que o pesquisador deve ser sistemático e metódico, com registros sem alterações.

  4.       Análise das observações: classificação, organização e codificação dos dados
  4.1.     Abordagem indutiva, com dados explorados em temos de unidades de significado. O pesquisador procura padrões, temas, consistências e exceções, da descrição para uma explicação.

  5.       A preparação dos dados para a análise
  5.1.     Transcrição das fitas e das anotações de campo; enumeração das páginas de acordo com o processo de coleta e com as fontes originárias.
  5.2.    Identificar as unidades de significado nos dados, parágrafos das anotações de campo tanto das notas descritivas quanto das notas reflexivas;
  5.3.     Percorrer os dados procurando unidades de significado relevantes;
 5.4.    Familiarizado dos dados, codificar a primeira categoria provisória, que em seguida será transformada em categoria permanente;

  6.       Os pesquisadores que usam a observação participante e outras técnicas de coleta de dados qualitativos provavelmente se encontram no papel do narrador, portanto, o uso da primeira pessoa é justificado e essencial para capturar a realidade que está sendo explorada.


Texto apresentado na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos III (PLPT III), ofertada no período 2010.2 e ministrada pela professora Denise Lino.

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