Tudo de Novo! busca dar subsidio, ainda que mínimo, aos estudantes de Letras, que muitas vezes não compreendem o que lhes é solicitado ou têm dificuldade na produção de certos gêneros, de modo que tenham uma visualização de materiais já produzidos na academia.

sábado, 2 de julho de 2011

"Não precisamos de mais vereadores"


O outdoor colocado na rua Olívio Domingos Brugnago, no bairro Vila Nova, em Jaraguá do Sul (SC), demonstra a indignação sobre a proposta de aumento do número de vereadores na Câmara.


Na Ilha da Figueira, bairro de Jaraguá do Sul, foi colocado o outdoor abaixo:


E finalmente...


 Não precisamos de mais vereadores. Concorda?

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Proposta de trabalho introdutório com o gênero entrevista a partir de tema específico

 Série: 9º Ano
Tempo: 2h30min

Objetivos específicos:
  • Promover situações de interação/socialização do grupo a partir de uma dinâmica de apresentação que introduz a temática “Tribos urbanas”;
·         Sistematizar um conhecimento geral acerca da temática proposta com a utilização de recursos textuais e midiáticos;
·         Ler e compreender/ interpretar o gênero entrevista, enfatizando de modo introdutório suas especificidades composicionais e estruturais, sobretudo no que diz respeito à formulação de perguntas;
·         Produzir, na modalidade escrita da língua, perguntas e prováveis respostas de uma entrevista, relacionando tema, gênero e suas peculiaridades.
                                                      
Conteúdos:
·         Leitura: 1. Levantamento de saberes sobre o tema; 2. Leitura e interpretação de artigo de opinião; 3. Apreciação de entrevistas; 4. Interpretação oral e escrita dos textos lidos e apreciados;
·         Estudo do gênero entrevista: funcionalidade do gênero, o papel dos envolvidos, a utilização da contextualização e das perguntas norteadores de seu desenvolvimento.
·         Escrita: Produção de perguntas para a entrevista;

Estratégias metodológicas
Primeiro contato: Apresentação do grupo de professores do curso e dos alunos em duas etapas.  Na primeira etapa, a turma, incluindo estagiários e alunos, receberá uma folha de papel na qual serão motivados, pela dupla estagiária do módulo, a escreverem o nome de um ídolo musical – cantor (a) ou banda - seguido de pelo menos cinco características que o descrevem e que, portanto, aproximam-no do aluno; na segunda etapa, também motivados pelos estagiários, deverão ficar em pé e embalados pela música (estilos diversos) passear pela sala. Ao sinal dos estagiários (desligar a música), eles formarão duplas com a pessoa mais próxima a fim de interagirem através da apresentação das respostas da primeira etapa, observando e discutindo as afinidades do outro. Essa atividade ocorrerá gradativamente: duplas, grupos de quatro pessoas, seis pessoas, dez pessoas até que se tenha um grupo de todos os participantes, de forma que todos possam se conhecer. Ao final, a dupla de estagiários indagará sobre o que os participantes sentiram com a dinâmica, desenvolvendo uma breve discussão sobre os estilos de cada um.
Concluiremos a dinâmica estabelecendo a relação entre esta, no tocante às músicas utilizadas, às respostas dos alunos e a importância de reconhecer/respeitar o gosto dos outros, e a proposta do curso.
(Tempo estimado: 30 minutos)

Construção da temática: Apresentação do vídeo “A liga – tribos urbanas, parte 1 (Band)” com o objetivo de produzir o levantamento das ideias que os alunos têm acerca da temática do curso para construir uma relação entre estilos musicais e a formação e caracterização das tribos urbanas auxiliados pela apresentação em slides.
(Tempo estimado: 20 minutos)


Leitura do artigo e dinâmica da caixa: Será entregue a cada aluno uma cópia do artigo “Grupos jovens – tribos urbanas” do qual se fará uma leitura silenciosa seguida da leitura oral de um aluno da turma. Os alunos deverão produzir questionamentos e/ou comentários que serão postos numa caixa preta, em seguida, sorteados por alguns alunos (em torno de oito) para discussões sobre o artigo.
Ao término, refletiremos sobre possíveis perguntas do tema ainda não respondidas, introduzindo a proposta seguinte: o trabalho com a entrevista.
(Tempo estimado: 40 minutos)

Leitura e exploração da entrevista: No primeiro momento, cada aluno receberá uma cópia da entrevista da psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari ao Pe. Marcelo Rossi sobre as Tribos urbanas e o comportamento adolescente. No segundo momento, teceremos comentários sobre a temática da entrevista e estudaremos, ainda que brevemente, o gênero.
Para isso, com o auxílio do quadro e de forma expositiva-dialogada,  discutiremos a respeito do gênero apresentado, enfocando aspectos introdutórios relativos à funcionalidade, objetivos, destinatário e estruturação, especialmente quanto à formulação de perguntas. Todo esse desenvolvimento estará pautado na construção do conhecimento sobre a entrevista, haja vista a interação professor-aluno e aluno-texto.
  (Tempo estimado: 30 minutos)

 Atividade: Em grupos de três, os alunos deverão formular questionamentos para supostos entrevistados de comunidades diversas - emos, góticos, funkeiros, punks, roqueiros, coloridos, entre outros – à luz das discussões temáticas e de construção de perguntas. As perguntas deverão ser entregues para os estagiários, a serem retomados na aula seguinte, sendo os alunos motivados a refletirem no ambiente extraclasse sobre elas, bem como a produzirem novos questionamentos, se for o caso.
(Tempo estimado: 20 min)
Concluindo a aula: as estagiárias apresentarão a proposta de uma comunidade na rede de relacionamentos Orkut – Tribos urbanas: qual é a sua? - com postagens em fóruns, avisos, enquetes e fotos - uma vez que promove a relação de sala de aula com o ambiente virtual e possibilita o acesso mais geral da população.
(Tempo estimado: 10 minutos)

Materiais utilizados:
Folhas de papel; computador e data show para apresentação de músicas, vídeo e slides; cópias do artigo e da entrevista para serem entregues aos alunos; e máquina fotográfica.

Referências:


SCHIO, Pe. Adilson.  Grupo de jovens: Tribos urbanas. Artigo publicado na edição 263, agosto de 1995, página 6. Disponível em <http://www.pucrs.br/mj/subsidios-grupo_jovens> - Acessado em 31/08/2010
Tribos Urbanas. Programa A Liga. São Paulo: Band, 06 de julho, 2010. Programa de televisão. Disponível em <http://www.youtube.com/user/SraKRosa#p/u/61/6errAnhC4Bk> - Acessado em 13/09/2010.
TESSARI, Olga. Tribos urbanas. Disponível em <http://www.olgatessari.com/id227.htm> - Acessado em 31/08/2010

Plano executado na disciplina Prática de Ensino de Lingua Portuguesa I, ofertada no período 2010.2, ministrada pela professora Marcia Candeia. 

Ver mais detalhes em http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106494903


quarta-feira, 25 de maio de 2011

BRASIL. Conhecimentos de Literatura. In: Orientações curriculares para o ensino médio / Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2006. (volume 1)


Introdução
    ·  PCN 2002 – negação da autonomia e da especificidade da Literatura.
    · PCNEM 2006 – defesa da especificidade da Literatura e de sua presença no currículo do ensino médio.
  1. Por que a Literatura no ensino médio?
  •     Razões:
    •     Se a Literatura é arte que se constrói com palavras, a arte serve para quê?
§  A arte “inventa uma alegriazinha”  que rompe com a hegemonia do trabalho alienado.
  •     LDBEN nº 9.394/96 (Art. 35) Inciso III – “apropriamento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”.
§  Literatura como fator indispensável de humanização:
Entendo aqui por humanização [...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante (CÂNDIDO, 1995 apud PCNEM, 2006, p.54).
   ·   Letramento Literário: estado ou condição de quem não apenas é capaz de ler poesia ou drama, mas dele se apropria efetivamente por meio da experiência estática, fruindo-o.
  ·   Literário X não literário: nem tudo que é escrito é Literatura.
  . Há ou não intencionalidade artística? A realização correspondeu à intenção? Quais os recursos utilizados para tal? Qual seu significado histórico-social? Proporciona ele o estranhamento, o prazer estético?

          2. A formação do leitor: do ensino fundamental ao ensino médio

   ·   A Literatura ganha contornos distintos conforme o nível de escolaridade dos leitores em formação.
   .  Ensino Fundamental – formação menos sistêmica e mais aberta; escolhas anárquicas.
   .  Ensino Médio – escolhas guiadas por aspectos sistemáticos; história da Literatura e seus estilos; fragmentação de exemplares de estilos e escolas; deslocamento ou fuga do contato direto do leitor com a obra:
a) substituição da Literatura difícil por uma Literatura considerada mais digerível;
b) simplificação da aprendizagem literária a um conjunto de informações externas às obras e aos textos;
c) substituição dos textos originais por simulacros, tais como paráfrases ou resumos (OSAKABE; FREDERICO, 2004, apud PCNEM, 2006, p. 64).
§  Solução – recuperar a dimensão formativa do leitor rumo à autonomia a partir da leitura das obras. 

3. A Leitura Literária

   ·   Leitor / Leitura – por meio da leitura dá-se a concretização de sentidos múltiplos, originados em diferentes lugares e tempos. 
    .  Abertura relativa da obra literária.
   ·  Tipos básicos de leitores: Leitor vítima (literatura comercial) e Leitor crítico.
  ·  A escola compete formar para o gosto literário, conhecer a tradição literária local e oferecer instrumentos para uma penetração mais aguda nas obras. 
   .  Leitor vítima → Leitor crítico.
  ·  Prática escolar – falta de leitura do texto literário; ênfase em atividades de metaleitura; leitura de simulacros; falta de motivação e atividades significativas para alunos e professores.

      4. Possibilidades de mediação

   ·   Professor não só como leitor, mas como mediador das práticas escolares de leitura literária.
   ·    Critérios para guiar as escolhas textuais: preferências pessoais do professor; exigências curriculares dos projetos pedagógicas da escola; tempo escolar (três anos); gêneros; autores; utilização ou não de livro didático. 
     Perguntas que podem auxiliar:
§  Quais são as obras e os autores que devem fazer parte do “acervo básico”, aqui entendido como livros que serão lidos integralmente durante os três anos do ensino médio? (seleção que pode ser reavaliada periodicamente – talvez de três em três anos –, desde que não comprometa o fluxo proposto inicialmente aos alunos).
§  Que projetos desenvolver com vistas a possibilitar que os alunos leiam outros livros além das indicações do “acervo básico”? (nessa vertente de discussões, inclui-se a possibilidade de realização de projetos interdisciplinares, que levem à reflexão sobre os gêneros literários e outros gêneros, sobre a linguagem literária e as outras linguagens, entre outras relações possíveis). (PCNEM, 2006, p.73)
  · Universidade / escola – vínculo com universidades a fim de mudar as orientações teóricas e metodológicas da Literatura no livro didático, proporcionar formação literária aos professores de Português ligada à pesquisa.
  ·  Vestibular – o professor não pode submeter seu programa ao programa do vestibular, mas pode substituir algumas obras por obras do vestibular.
  ·  Centralidade da obra literária, no contato direto com a obra.
 ·  Importante ter ambientes propícios à leitura na escola, com espaços e atividades estimulantes.


Texto apresentado na disciplina Prática de Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (Prática II), ofertada no período 2011.1 e ministrada pelas professoras Maria Augusta Reinaldo e Rosângela Melo.

ABAURRE, M.B., FIAD, R. S. & MAYRINK-SABINSON. Cenas de aquisição de escrita. Campinas, SP: ALB e Mercado de Letras. 1997. Cap. I e II. p. 13-52.


Apontamentos

1.       Em busca de pistas

1.1.    A relevância teórica dos dados singulares
·      “A discussão sobre o estatuto teórico dos dados singulares em ciências humanas foi retomada e explicitada recentemente pelo historiador italiano Carlo Ginzburg.” (p.13)

·      Paradigma indiciário de cunho qualitativo – “modelo epistemológico fundado no detalhe, no resíduo, no episódico, no singular” (p.14)

·      Paradigma produtivo para a investigação dos fatos concernentes à relação sujeito/linguagem.

·      “Princípios metodológicos que garantam rigor às investigações centradas no detalhe e nas manifestações de singularidade.” (p.14). As questões metodológicas cruciais dizem respeito:
o     “Aos critérios de identificação dos dados a serem tomados como representativos do que se quer tomar como ‘singularidade que revela’, uma vez que, em um sentido trivial do termo, qualquer dado é um dado singular.” (p.14)
o     Ao conceito mesmo de ‘rigor metodológico’ de viés qualitativo e não quantitativo.

·      “O olhar do pesquisador está voltado para a singularidade dos dados. No interior desse ‘rigor flexível’ entram em jogo outros elementos, como a intuição do investigador na observação do singular – tal como propõe o paradigma indiciário – formular hipóteses explicativas interessantes para aspectos da realidade que não são captados diretamente, mas, sobretudo, são recuperáveis através de sintomas, indícios.” (p.15)

·      Para os estudos da linguagem os dados idiossincráticos e singulares são de grande relevância, pois “são importantes indícios do processo geral através do qual se vai continuamente constituindo e modificando a complexa relação entre sujeito e a linguagem.” (p.15)

·       “Durante um longo período, os estudos e práticas pedagógicas ignoraram o fato de que os ‘erros’ cometidos pelos aprendizes de escrita/leitura eram, na verdade, preciosos indícios de um processo em curso de aquisição da representação escrita da linguagem, registros dos momentos em que a criança torna evidente a manipulação que faz da própria linguagem.” (p.16)

·      “Os alunos reais precisam também (e urgentemente) voltar a ser vistos em sua singularidade, por ela, em última análise, determinante da história também singular da aquisição da escrita de cada sujeito” (p.17)


1.2.     A natureza singular dos dados da aquisição a linguagem
·              “Muitas vezes, conscientemente ou não, deixamo-nos iludir por ocorrências que tomamos como evidências de nossas hipóteses prévias, caindo assim na armadilha que se esconde por trás de produtos provisórios e tirando conclusões muitas vezes apresadas sobre ‘estágios’ e suas características. Acreditamos estar explicando um processo, podemos estar, muitas vezes, fazendo uma mera descrição de produtos circunstanciais.
Muito frequentemente, portanto, encontraremos, dentre os dados (...) aquelas ocorrências únicas que, em sua singularidade, talvez não voltem a repetir-se jamais, exatamente por representarem instanciações episódicas e locais de uma relação em construção, entre o sujeito e a linguagem. Se considerarmos relevante entender a natureza dessa relação, essas ocorrências podem adquirir o estatuto de preciosos dados, pelo muito que sobre a relação mesma nos podem vir a revelar” (p.18)

·              “Quando chamamos a atenção para o interesse teórico dos episódios e seus dados muitas vezes singulares, (...) fazemos isso no contexto de um conjunto de estudos da linguagem em que à interlocução, aos atores sociais, à micro e macro-história é atribuído um estatuto teórico específico (...) interessada não apenas nas características formais do objeto linguístico, mas, também, no modo e na história da sua constituição e constante mutação. Assim, interessa-nos mais, do ponto de vista teórico, flagrar o instante em que o sujeito demonstra, oralmente ou por escrito, sua preocupação com determinado aspecto formal ou semântico da linguagem. Da mesma forma, ainda que não seja indagação simples, interessa-nos saber que fato singular, que aspecto de contexto, de forma ou de significação linguistica, ou ainda que possível combinação desses fatores pode ter adquirido saliência particular para o sujeito, colocando-se, assim, na origem da sua preocupação, na origem do problema para o qual passa a buscar uma solução, ainda que muitas vezes episódica e circunstancial.” (p.21)

·              “Olhamos com curiosidade e interesse teórico para o singular, o variável, o idiossincrático, o cambiante. No entanto, isso não implica necessariamente falta de interesse teórico pelo regular, pelo sistemático, pelo geral. Não negamos, portanto, a necessidade de buscar também o conhecimento da totalidade.” (p.23)

1.3.    Considerações sobre alguns dados singulares: os episódios de refacção textual
·              Exemplo de um episódio de escrita que constitui uma ocorrência singular.

2.       Um evento singular

2.1.    “A relação do sujeito com a linguagem é mediada, desde sempre, pela sua relação com um OUTRO, interlocutor fisicamente presente  ou representado e necessário ponto de referência para esse sujeito. (...) O processo de aquisição da linguagem, tanto em suas modalidades orais quanto escritas, é visto como parte de um mesmo processo  geral de constituição da relação sujeito/linguagem. O lugar desse processo é a interlocução entre sujeitos que se constituem em outros para seus interlocutores, constituindo-os assim como sujeitos, num constante movimento (...)”. (p.41)

2.2.    “A adoção do paradigma indiciário permite-nos discutir o que se tem afirmado sobre o papel do OUTRO no processo de aquisição de linguagem.” (p.42).

2.3.    “O SUJEITO/OUTRO está em constante movimento, seja ele um aprendiz de escrita em busca de autonomia, ou um letrado já de muito tempo. E o movimento de um SUJEITO/OUTRO afeta o movimento do OUTRO/SUJEITO que, no processo de interlocução com ele se encontra e se confronta.” (p.48)



Texto apresentado na disciplina Prática de Leitura e Produção de Textos III (PLPT III), ofertada no período 2010.2 e ministrada pela professora Denise Lino.